O tempo dos medos rebelados e das coragens calculadas ganhou sua mais perfeita tradução na poesia de Cláudio Daniel. Em "Sete olhos & outros poemas" vive uma poesia que descortina o véu dos nossos dias e, como Hopkins, nos ensina o quanto a beleza é difícil. Trata-se de um livro surpreendente que permite diferentes leituras. Poemas cortados na pele entre 2019 e 2021 – arrancados do olho de uma grande serpente.
Em ritmo alucinante o poeta inventa um lirismo selvagem. Um galope de signos que desnudam o cotidiano social e existencial. Estabelece pactos éticos para falar de amor ou de combate. Recolhe de uma realidade múltipla e fragmentada os elementos para impor a magia e o corte com precisão de samurai. Eis um bloco de poemas que surge como um paralelepípedo na vidraça do comodismo nos carnavais contemporâneos.
(Lau Siqueira)
Sete olhos, de Claudio Daniel
Claudio Daniel, pseudônimo de Claudio Alexandre de Barros Teixeira, é poeta, tradutor e ensaísta. Nasceu em 1962, na cidade de São Paulo (SP), onde se formou em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero.
Cursou o mestrado e o doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu a tese A recepção da poesia japonesa em Portugal. Realizou o pós-doutoramento em Teoria Literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante o qual realizou pesquisa sobre o tema Caligrafia e visualidade na poesia experimental portuguesa.
Foi diretor adjunto da Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em 2007, curador de Literatura no Centro Cultural São Paulo entre os anos de 2010 e 2014 e colunista da revista CULT.