Poeta profundamente envolvido com a vida cultural de São Paulo, Roberto Bicelli desfia suas recordações em ¡¿Sério?! Nas palavras do autor: “Consegui viver esses momentos dannunzianos numa São Paulo nevermore, onde se celebrava o amor bruxo em prédios “sem porteiros nem vizinhos”. Roberto Piva era o guia certeiro para esses ambientes “fora do espaço e do tempo”. Homo e heterossexualidade convivendo em terciopelos de alta sensibilidade. Uma São Paulo ainda Paris, em ambientes democráticos de ópio, hashish, cocaína, whisky, vinho, pernod e anfetaminas que nos levavam a paraísos artificiais de estudada elegância e, por vezes, de certeiro deboche. Edifício Esther, totalmente déco, onde moravam Almeida Salles e Marcelino de Carvalho; o Edifício Eiffel; o Moreira Salles, na avenida São Luís, projeto de Warchavchik; o Viadutos e o Planalto, de Artacho Jurado, com seu propiciatório kitsch; inúmeros outros que abrigavam pessoas interessantíssimas, sempre dispostas a receber nossa juventude transviada. Eram personagens que viviam entre a Livraria Francesa, da Barão de Itapetininga, as livrarias Italiana, Portuguesa, Mestre Jou, Duas Cidades, a Confeitaria Vienense, o Barbazul, o Arpège, o bar do Hotel Cambridge e, com a chegada da Bossa Nova, o onipresente Juão Sebastião Bar, do saudoso Paulo Cotrim. [...]”